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Santa paciência

Publicado em

Por Maria dos Anjos

Queria só fazer um contraponto ao post “A desculpa do século”. Eu concordo com o que foi dito, mas não totalmente.

Sou uma pessoa que sofro muito de TPM e procuro ao máximo não usar isso de desculpa pras minhas grosserias, patadas, ou qualquer outra coisa. Já tentei tratamentos diferentes, que me ajudam bastante, mas, infelizmente, não resolvem. Primeiro que acho que a TPM sozinha é uma coisa, a TPM acompanhada de stress, problemas pessoais e todas as questões da vida moderna, é outra. Mas isso é só um achismo.

Acho sim que você não pode sair por aí xingando, desrespeitando quem passar pela sua frente só porque está de TPM. Mas tento (reforço, TENTO) ser o mais compreensiva possível com mulheres que estejam nesse período maldito do mês, pois sei bem como é.

O que não concordo – plenamente – é que temos tanto controle sobre isso. Primeiro, sim, hoje em dia existem mil e um tratamentos para isso. O que não significa que todos funcionem pra você e muito menos que você tenha acesso a boa parte deles. Então, supondo que você tenha condições financeiras de experimentar todos do mundo, vai saber quando você vai conseguir um que resolva seus problemas – eu mesma tenho acesso a boa parte deles e ainda não achei a solução dos meus problemas. Segundo, se incomodo alguém com a minha a TPM, é porque é quase impossível imaginar o quanto ela ME  incomoda. Isso porque o esforço que faço para não transparecer toda a desgraça que meu corpo carrega é tão imensa que é difícil de acreditar. Ou seja, o que chega nos outros não é um décimo do que sinto.

Sei perfeitamente o que é querer pular no pescoço de alguém que respirou um pouco mais alto do seu lado, sei o que é chorar com uma piadinha de amigo/namorado ou até mesmo com uma comédia das mais bestas.

Não, não me acho uma coitada por isso, só acho que tenho um lado bem azarado. E sei que não sou a única, nem a pior.

Não, não acho que TPM justifica qualquer atitude – muito pelo contrário, por maior que seja o problema, ele é só seu.

Enfim, não discordo do texto da nossa parceira Megera Domada. Só acho que talvez devêssemos, também, exercitar nosso auto-controle em relação às outras pessoas, não só com o nosso fardo feminino.

Não é como fazer xixi em pé

Publicado em

Por Angela Bismarchi

Não sei se é porque a maioria das casas de entretenimento são propriedades masculinas ou se é pela confusão que se faz de direitos iguais com tratamentos iguais entre os sexos, mas que existe um grande equívoco quanto à diversão para mulheres, ahhh isso existe!

Um dia desses fui a um clube das mulheres para matar a minha curiosidade e me divertir com minhas amigas e o que assisti foi exatamente a um show de striptease tal qual em um filme para homens, só que com mocinhos no palco e não mulheres. Sim, um show de bizarrice, grosso modo.

No começo do show, os rapazes entram fantasiados, geralmente de médico, cigano, policial e outros imaginários masculinos (é porque só um homem pode achar que isso nos traz virilidade) , daí começa a música e… se preparem meninas é de abrir o queixo e querer sumir… eles puxam uma mulher para o palco, uma mulher qualquer da plateia, a tacam na parede, passam a mão em suas partes íntimas, dão tapas na sua cara, puxam o seu cabelo, sentam no seu colo, roçam seu membro nela, a apalpam, expõem-na  ao ridículo do sexo explícito com roupa e terminam com aquele sorriso no canto do rosto, achando que estamos todas no extremo da excitação.

É ai que eu questiono até onde os homens são desentendidos ao ponto de acreditar que nossos sentidos são estimulados como os deles no simplório: tato e visual e até onde nós mesmas não queremos ser simplistas a esse ponto, achando que assim seremos igualadas a eles?

Não é nos anulando, anulando nossas diferenças que alcançaremos os mesmos direitos que os homens, direitos iguais não significa tratamento igual em tudo, afinal, nós não somos iguais. Existem diferenças biológicas, químicas, físicas, psíquicas que não podem ser descartadas e nem queremos isso.

Pra que abrir mão do galanteio, da sedução, dos arrepios na nuca quando nos deparamos com um rapaz que sabe o momento certo de te tocar com firmeza e o momento exato de te soltar com delicadeza? Para ser vista como uma mulher moderna, independente e “racional”? Então, para ter os mesmos direitos, ser feministas, é preciso abrir mão do feminino? Só seremos mulheres feministas se aprendermos a fazer xixi em pé?

Não precisamos anular sentimentos, anular nossas sensações, nossos prazeres para sermos vistas com respeito. Só alcançaremos de fato nossa independência e nosso devido respeito quando percebermos – e perceberem – que somos diferentes, que somos mais complexas que tudo isso. Só teremos um divertimento de qualidade quando levarem em conta nossa real vontade ao abrir uma casa de entretenimento como essa. Que precisa passar sim pelo erotismo, pela pegada, pelo suor etc. Que precisa de uma virilidade como nós mocinhas gostamos de ver, sem muito rebolado, sem se sentir tão ridícula na frente das amigas e sem levar aquilo demais na brincadeira, como esses eventos acabam sendo para boa parte de nós.

Talvez algo que misturasse uma (mesmo que falsa) sedução, galanteio, que nos fizesse sentir desejadas, que nos surpreendesse ou ainda que fosse apenas sexo pago, mas que fosse mais elegante, discreto, mais um ambiente de festinha privado e menos show de calouros…

Difícil? É… não disse que seria fácil nos satisfazer, mas estamos dispostas a ajudar com várias dicas. E aí? Quem está disposto a tentar?

Talvez os ensaios da TPM sejam uma boa dica de por onde começar….

PS: Um pedido: adoraríamos entrevistar um garoto de programa que atendesse só meninas para matar nossa curiosidade. Ou ainda, meninas que já pagaram por sexo.